quinta-feira, 25 de abril de 2024

28 de abril

 
Bta Maria Felícia de Jesus Sacramentado
Virgem de nossa Ordem
 
Maria Felicia Guggiari Echeverría, chamada Chiquitunga, nasceu aos 12 de janeiro de 1925 em Villarrica del Espíritu Santo, Paraguai. Aos 16 anos se incorpora na Ação Católica e é nomeada responsável pelo setor de meninas, chamado “Pequenas”. Neste movimento encontrou um ideal e um objetivo que orientou toda a sua vida. No dia 14 de agosto de 1955, veste o Hábito de Carmelita Descalça com o nome de Maria Felícia de Jesus Sacramentado. Faleceu com 34 anos, em Assunção, no dia 28 de abril de 1959. Sua beatificação foi celebrada em 23 de junho de 2018, em Assunção, sob o pontificado do Papa Francisco.
 
Salmodia, leitura, responsório breve e preces do dia corrente.
 
Oração
Deus Eterno e Todo-poderoso, que Vos alegrais em fazer a Vossa morada no coração dos homens e derramastes no coração da Beata Maria Felícia de Jesus Sacramentado o fogo do Vosso amor, levando-a a doar sua juventude no apostolado laical e a imolar-se por todos na vida contemplativa do Carmelo,  ajudai-nos com a vossa graça viver de tal modo que mereçamos ser vossa morada. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus, e convosco vive e reina, na unidade do Espírito Santo.

 

Sábado IV da Páscoa

Nossa Senhora de Montserrat
Santa Zita, virgem
 
1ª Leitura (At 13,44-52):
No segundo sábado em que Paulo e Barnabé estiveram em Antioquia da Pisídia, reuniu-se quase toda a cidade para ouvir a palavra de Deus. Ao verem a multidão, os judeus encheram-se de inveja e responderam com blasfémias às palavras de Paulo. Corajosamente, Paulo e Barnabé declararam: «Era a vós que devia ser anunciada primeiro a palavra de Deus. Mas uma vez que a rejeitais e vos julgais indignos da vida eterna, voltamo-nos para os gentios, porque assim nos mandou o Senhor: ‘Fiz de ti a luz das nações, para levares a salvação até aos confins da terra’». Ao ouvirem isto, os gentios encheram-se de alegria e glorificaram a palavra do Senhor; e todos os que estavam destinados à vida eterna abraçaram a fé. Assim, a palavra do Senhor divulgava-se por toda a região. Mas os judeus instigaram algumas senhoras piedosas mais distintas, bem como os homens principais da cidade, e moveram uma perseguição contra Paulo e Barnabé, expulsando-os do território. Estes sacudiram contra eles a poeira dos pés e seguiram para Icônico. Entretanto, os discípulos ficavam cheios de alegria e do Espírito Santo.
 
Salmo Responsorial: 97
R. Todos os confins da terra viram a salvação do nosso Deus.
 
Cantai ao Senhor um cântico novo pelas maravilhas que Ele operou. A sua mão e o seu santo braço Lhe deram a vitória.
 
O Senhor deu a conhecer a salvação, revelou aos olhos das nações a sua justiça. Recordou-Se da sua bondade e fidelidade em favor da casa de Israel.
 
Os confins da terra puderam ver a salvação do nosso Deus. Aclamai o Senhor, terra inteira, exultai de alegria e cantai.
 
Aleluia. Se permanecerdes na minha palavra, sereis verdadeiramente meus discípulos e conhecereis a verdade, diz o Senhor. Aleluia.
 
Evangelho (Jo 14,7-14): Naquele tempo, Jesus disse aos seus discípulos: «Se me conhecestes, conhecereis também o meu Pai. Desde já o conheceis e o tendes visto». Filipe disse: «Senhor, mostra-nos o Pai, isso nos basta». Jesus respondeu: «Filipe, há tanto tempo estou convosco, e não me conheces? Quem me viu, tem visto o Pai. Como é que tu dizes: ‘Mostra-nos o Pai’? Não acreditas que eu estou no Pai e que o Pai está em mim? As palavras que eu vos digo, não as digo por mim mesmo; é o Pai que, permanecendo em mim, realiza as suas obras. Crede-me: eu estou no Pai e o Pai está em mim. Crede, ao menos, por causa destas obras. «Em verdade, em verdade, vos digo: quem crê em mim fará as obras que eu faço, e fará ainda maiores do que estas. Pois eu vou para o Pai. E o que pedirdes em meu nome, eu o farei, a fim de que o Pai seja glorificado no Filho. Se pedirdes algo em meu nome, eu o farei».
 
«Eu estou no Pai e que o Pai está em mim»
 
P. Jacques PHILIPPE (Cordes sur Ciel, França)
 
Hoje, estamos convidados a reconhecer em Jesus ao Pai que se nos revela. Filipe expressa uma intuição muito justa: «Senhor, mostra-nos o Pai, isso nos basta» (Jo, 14, 8). Ver o Pai é descobrir Deus como origem, como vida que brota, como generosidade, como dom que constantemente renova cada coisa. Do que mais precisamos? Procedemos de Deus, e cada homem e, ainda de que não seja consciente, leva o profundo desejo de voltar a Deus, de reencontrar a casa paterna e permanecer aí para sempre. Hei aqui todos os bens que possamos desejar: A vida, a luz, o amor, a paz... São Inácio de Antioquia, que foi mártir no início do século dizia: «Há em mim um água viva que murmura e disse dentro de mim: Vem ao Pai!».
 
Jesus nos faz entrever a profunda intimidade recíproca que existe entre Ele e o Pai. «Eu estou no Pai e que o Pai está em mim» (Jo 14,11). O que Jesus diz e que faz acha sua fonte no Pai e, o Pai se expressa plenamente em Jesus. Todo o que o Pai deseja nos dizer se encontra nas palavras e nos atos do Filho. Todo o que Ele quer cumprir no nosso favor o cumpre pelo seu Filho. Acreditar no Filho nos permite ter «aceso a Deus» (Ef 2,18).
 
A fé humilde e fiel em Jesus, a eleição de lhe seguir e lhe obedecer, dia trás dia, nos põe em contato misterioso, mas real com o mesmo mistério de Deus e, nos faz beneficiários de todas as riquezas de sua benevolência e misericórdia. Esta fé permite ao Pai levar adiante, através de nós, a obra da graça que começou no seu Filho: «Quem crê em mim fará as obras que eu faço» (Jo 14,12).
 
«E o que pedirdes em meu nome, eu o farei»
 
Rev. D. Iñaki BALLBÉ i Turu (Terrassa, Barcelona, Espanha)
 
Hoje, quarto Sábado de Páscoa, a Igreja convida-nos a considerar a importância que tem para um cristão, conhecer Cristo cada vez mais. Com que ferramentas contamos para o fazer? Com diversas e, todas elas, fundamentais: a leitura atenta e meditada do Evangelho; nossa resposta pessoal na oração, esforçando-nos para que seja um verdadeiro diálogo de amor, e não um mero monólogo introspectivo, e o desejo renovado diariamente por descobrir Cristo no nosso próximo mais imediato de nós: um familiar, um amigo, um vizinho que talvez necessite da nossa atenção, do nosso conselho, da nossa amizade.
 
«Senhor, mostra-nos o Pai», pede Filipe (Jo 14,8). Uma boa petição para que a repitamos durante todo este Sábado. —Senhor, mostra-me o teu rosto. E podemos perguntar-nos: como é o meu comportamento? Os outros, podem ver em mim o reflexo de Cristo? Em que coisa pequena poderia lutar hoje? Aos cristãos nos é necessário descobrir o que há de divino na nossa tarefa diária, a marca de Deus no que nos rodeia. No trabalho, na nossa vida de relação com os outros. E também se estamos doentes: a falta de saúde é um bom momento para nos identificarmos com Cristo que sofre. Como disse Santa Teresa de Jesus, «Se não nos determinarmos a engolir de uma vez a morte e a falta de saúde, nunca faremos nada».
 
O Senhor no Evangelho assegura-nos: «Se pedirdes algo em meu nome, eu o farei» (Jo 14,13). —Deus é o meu Pai, que vela por mim como um Pai amoroso: não quer para mim nada de mau. Tudo o que passa —tudo o que me passa— é para o bem da minha santificação. Ainda que, com o olhos humanos, não o entendamos. Ainda que não o entendamos nunca. Aquilo —o que quer que seja – Deus o permite. Confiemos nele da mesma maneira que confiou Maria.
 
Pensamentos para o Evangelho de hoje
«Oremos como Deus, nosso mestre, nos ensinou. Pois se como disse fará o que pedimos ao Pai em seu nome, quão mais eficaz não será a nossa oração em nome de Cristo, se rezarmos com as suas próprias palavras?» (S. Cipriano)
 
«O convite do Senhor para O conhecermos é dirigido a cada um de vós, em qualquer lugar ou circunstância em que nos encontremos. Basta tomar a decisão de se deixar encontrar por Ele, de o tentar encontrar, todos os dias, sem descanso» (Francisco)
 
«Toda a vida de Cristo é revelação do Pai: as suas palavras e atos, os seus silêncios e sofrimentos, a maneira de ser e de falar. Jesus pode dizer: Quem Me vê, vê o Pai´ (Jo 14, 9); e o Pai: Este é o meu Filho predileto: escutai-O´ (Lc 9, 35)» (Catecismo da Igreja Católica, nº 516)
 
Reflexões de Frei Carlos Mesters, O.Carm.
 
* João 14,7: Conhecer Jesus é conhecer o Pai.
  O texto do evangelho de hoje é a continuação do de ontem. Tomé tinha perguntado: "Senhor, não sabemos para onde vai. Como podemos conhecer o caminho?" Jesus respondeu: "Eu sou o caminho, a verdade e a vida! Ninguém vai ao Pai senão por mim”. E acrescentou: “Se vocês me conhecem, conhecerão também o meu Pai. Desde agora vocês o conhecem e já o viram". Esta é a primeira frase do evangelho de hoje. Jesus sempre fala do Pai, pois era a vida dele que transparecia em tudo que falava e fazia. Esta referência constante ao Pai provoca a pergunta de Filipe.
 
* João 14,8-11: Filipe pergunta: "Mostra-nos o Pai, e basta!"  Era o desejo dos discípulos e das discípulas, o desejo de muita gente nas comunidades do Discípulo Amado e é o desejo de muita de nós hoje: como é que a gente faz para ver o Pai de que Jesus fala tanto? A resposta de Jesus é muito bonita e vale até hoje: "Filipe, tanto tempo estou no meio de vocês, e você ainda não me conhece! Quem me vê, vê o Pai!" A gente não deve pensar que Deus está longe de nós, como alguém distante e desconhecido. Quem quiser saber como é e quem é Deus Pai, basta olhar para Jesus. Ele o revelou nas palavras e gestos da sua vida! "O Pai está em mim e eu estou no Pai!" Através da sua obediência, Jesus está totalmente identificado com o Pai. Ele a cada momento fazia o que o Pai mostrava que era para fazer (Jo 5,30; 8,28-29.38). Por isso, em Jesus tudo é revelação do Pai! E os sinais ou as obras de Jesus são as obras do Pai! Como diz o povo: "O filho é a cara do pai!" Por isso, em Jesus e por Jesus, Deus está no meio de nós.
 
* João 14,12-14: Promessa de Jesus.  Jesus faz uma promessa para dizer que a intimidade dele com o Pai não é privilégio só dele, mas é possível para todos que creem nele. Nós também, através de Jesus, podemos chegar a fazer coisas bonitas para os outros do jeito que Jesus fazia para o povo do seu tempo. Ele vai interceder por nós. Tudo que a gente pedir a ele, ele vai pedir ao Pai e vai conseguir, contanto que seja para servir. Jesus é o nosso defensor. Ele vai embora, mas não nos deixa sem defesa. Ele promete que vai pedir ao Pai para Ele mandar um outro defensor ou consolador, o Espírito Santo. Jesus chegou a dizer que ele precisa ir embora, pois, do contrário, o Espírito Santo não poderá vir (Jo 16,7). É o Espírito Santo que realizará as coisas de Jesus em nós, desde que peçamos em nome de Jesus e observemos o grande mandamento da prática do amor.
 
Para um confronto pessoal
1) Conhecer Jesus é conhecer o Pai. Na Bíblia a palavra “conhecer uma pessoa” não é apenas uma compreensão intelectual, mas implica também uma profunda experiência da presença dessa pessoa na vida. Será que eu conheço Jesus?
2) Conheço o Pai?

quarta-feira, 24 de abril de 2024

Sexta-feira da 4ª semana da Páscoa

Nossa Senhora do Bom Conselho
São Rafael Arnaiz Barón, religioso da Ordem Cisterciense
São Pedro de Rates, bispo e mártir
 
1ª Leitura (At 13,26-33):
Naqueles dias, disse Paulo na sinagoga de Antioquia da Pisídia: «Irmãos, descendentes de Abraão e todos vós que temeis a Deus, a nós foi dirigida esta palavra da salvação. Na verdade, os habitantes de Jerusalém e os seus chefes não quiseram reconhecer Jesus, mas, condenando-O, cumpriram as palavras dos Profetas que se leem cada sábado. Embora não tivessem encontrado nada que merecesse a morte, pediram a Pilatos que O mandasse matar. Cumprindo tudo o que estava escrito acerca d’Ele, desceram-no da cruz e depuseram-no no sepulcro. Mas Deus ressuscitou-O dos mortos e Ele apareceu durante muitos dias àqueles que tinham subido com Ele da Galileia a Jerusalém e são agora suas testemunhas diante do povo. Nós vos anunciamos a boa nova de que a promessa feita a nossos pais, Deus a cumpriu para nós, seus filhos, ressuscitando Jesus, como está escrito no salmo segundo: ‘Tu és meu Filho, Eu hoje Te gerei’».
 
Salmo Responsorial: 2
R. Tu és meu Filho, Eu hoje Te gerei.
 
«Fui Eu quem ungiu o meu Rei sobre Sião, minha montanha sagrada». Vou proclamar o decreto do Senhor. Ele disse-me: «Tu és meu filho, Eu hoje te gerei.
 
Pede-me e te darei as nações por herança e os confins da terra para teu domínio. Hás de governá-los com ceptro de ferro, quebrá-los como vasos de barro».
 
E agora, ó reis, tomai sentido, atendei, vós que governais a terra. Servi o Senhor com temor, aclamai-O com reverência.
 
Aleluia. Eu sou o caminho, a verdade e a vida, diz o Senhor; ninguém vai ao Pai senão por Mim. Aleluia.
 
Evangelho (Jo 14,1-6): Naquele tempo, disse Jesus a seus discípulos: «Não se perturbe o vosso coração! Credes em Deus, crede também em mim. Na casa de meu Pai há muitas moradas. Não fosse assim, eu vos teria dito. Vou preparar um lugar para vós. E depois que eu tiver ido e preparado um lugar para vós, voltarei e vos levarei comigo, a fim de que, onde eu estiver, estejais vós também. E para onde eu vou, conheceis o caminho». Tomé disse: «Senhor, não sabemos para onde vais. Como podemos conhecer o caminho?». Jesus respondeu: «Eu sou o caminho, a verdade e a vida. Ninguém vai ao Pai senão por mim».
 
«Eu sou o caminho, a verdade e a vida. Ninguém vai ao Pai senão por mim»
 
Rev. D. Josep Mª MANRESA Lamarca (Valldoreix, Barcelona, Espanha)
 
Hoje, nesta sexta-feira da IV semana da Páscoa, Jesus nos convida à calma. A serenidade e a alegria fluem como um rio de paz, desde o seu Coração ressuscitado até o nosso, agitado e inquieto, muitas vezes sacudido por um ativismo tão febril como estéril.
 
São os nossos tempos de agitação, nervosismo e estresse. Tempos nos quais o pai da mentira infectou as inteligências dos homens, fazendo-os chamar bem ao mal e mal ao bem, tomando luz por obscuridade e obscuridade por luz, semeando em suas almas a dúvida e o ceticismo que nelas queimam todo broto de esperança em um horizonte de plenitude que o mundo, com suas adulações, não sabe nem pode dar.
 
Os frutos de tão diabólica empresa ou atividade são evidentes: a falta de sentido e a perda de transcendência que se apoderaram de tantos homens e mulheres que não apenas se esqueceram, mas também se extraviaram do Caminho, porque o desprezaram antes. Guerras, violências de todo gênero, intransigência e egoísmo diante da vida (anticoncepção, aborto, eutanásia…), famílias destruídas, juventude “desnorteada”, e um grande etecétera, constituem a grande mentira sobre a qual se sustenta boa parte do triste andaime da sociedade de tão alardeado “progresso”.
 
No meio de tudo, Jesus, o Príncipe da Paz, repete aos homens de boa vontade, com sua mansidão infinita: «Não se perturbe o vosso coração! Credes em Deus, crede também em mim» (Jo 14, 1). À direita do Pai, ele acalenta, como um benévolo sonho de sua misericórdia, o momento de ter-nos junto a ele, «a fim de que, onde eu estiver, estejais vós também» (Jo 14, 3). Não podemos nos escusar como Tomé. Nós sabemos o caminho. Nós, por pura graça, conhecemos, sim, a senda que conduz ao Pai, em cuja casa há muitas moradas. No céu nos espera um lugar que ficará para sempre vazio se não o ocuparmos. Aproximemo-nos, pois, sem temor, com ilimitada confiança de Aquele que é o único Caminho, a irrenunciável Verdade e a Vida em plenitude.
 
Pensamentos para o Evangelho de hoje
«Se o amas, segui-o. Queres saber para onde tens de ir? 'Eu sou o caminho, e a verdade, e a vida'. Permanecendo com o Pai, Ele é a verdade e a vida; vestindo-se de carne, faz-se o caminho» (Santo Agostinho)
 
«O lugar que Jesus vai preparar é na 'casa do Pai'. O discípulo poderá estar lá eternamente com o Mestre e participar de sua mesma alegria. No entanto, para atingir esse objetivo só há um caminho: Cristo» (São João Paulo II)
 
«A fé n'Ele introduz os discípulos no conhecimento do Pai, porque Jesus é ‘o caminho, a verdade e a vida’ (Jo 14, 6). A fé dá os seus frutos no amor: guardar a sua Palavra, os seus mandamentos, permanecer com Ele no Pai (…)» (Catecismo da Igreja Católica, nº 2.614)
 
Reflexões de Frei Carlos Mesters, O.Carm.

* Estes cinco capítulos (Jo 13 a 17) são um exemplo bonito de como as comunidades do Discípulo Amado do fim do primeiro século lá na Ásia Menor, atual Turquia, faziam catequese.
Por exemplo, neste capítulo 14, as perguntas dos três discípulos, Tomé (Jo 14,5), Filipe (Jo 14,8) e Judas Tadeu (Jo 14,22), eram também as perguntas e os problemas das Comunidades. Assim, as respostas de Jesus para os três eram um espelho em que as comunidades encontravam uma resposta para as suas próprias dúvidas e dificuldades.  Para sentir melhor o ambiente em que se fazia a catequese, você pode fazer o seguinte. Durante ou depois da leitura do texto, feche os olhos e faça de conta que você está lá na sala no meio dos discípulos e discípulas, participando do encontro com Jesus. Enquanto vai escutando, procure prestar atenção na maneira como Jesus prepara seus amigos para a separação e lhes revela sua amizade, transmitindo segurança e apoio.
 
* João 14,1-2: Nada te perturbe.   O texto começa com uma exortação: "Não se perturbe o coração de vocês!" Em seguida, diz: "Na casa do meu Pai há muitas moradas!" A insistência em conservar palavras de ânimo que ajudam a superar a perturbação e as divergências, é um sinal de que havia muita polêmica e divergências entre as comunidades. Uma dizia para a outra: "Nossa maneira de viver a fé é melhor do que a de vocês. Nós estamos salvos! Vocês estão erradas! Se quiserem ir para o céu, têm que se converter e viver como nós vivemos!" Jesus diz: "Na casa do meu Pai há muitas moradas!" Não é necessário que todos pensem do mesmo jeito. O importante é que todos aceitem Jesus como revelação do Pai e que, por amor a ele, tenham atitudes de compreensão, de serviço e de amor. Amor e serviço são o cimento que liga entre si os tijolos e faz as várias comunidades serem uma igreja de irmãos e de irmãs.
 
*  João 14,3-4: Jesus se despede.  Jesus diz que vai preparar um lugar e depois retornará para levar-nos com ele para a casa do Pai. Ele quer que estejamos todos com ele para sempre. O retorno de que Jesus fala é a vinda do Espírito que ele manda e que trabalha em nós, para que possamos viver como ele viveu (Jo 14,16-17.26; 16,13-14). Jesus termina dizendo: "Para onde eu vou, vocês conhecem o caminho!" Quem conhece Jesus conhece o caminho, pois o caminho é a vida que ele viveu e que o levou através da morte para junto do Pai.
 
*  João 14,5-6: Tomé pergunta pelo caminho. Tomé diz: "Senhor, não sabemos para onde vai. Como podemos conhecer o caminho?" Jesus responde: "Eu sou o caminho, a verdade e a vida! Ninguém vai ao Pai senão por mim”. Três palavras importantes. Sem caminho, não se anda. Sem verdade, não se acerta. Sem vida, só há morte! Jesus explica o sentido. Ele é o caminho, porque "ninguém vem ao Pai senão por mim!" Pois, ele é a porteira, por onde as ovelhas entram e saem (Jo 10,9). Jesus é a verdade, porque olhando para ele, estamos vendo a imagem do Pai. "Se vocês me conhecem, conhecerão também o Pai!" Jesus é a vida, porque caminhando como Jesus caminhou, estaremos unidos ao Pai e teremos a vida em nós!
 
Para um confronto pessoal
1) Que encontros bons do passado você guarda na memória e que são força na sua caminhada?
2) Jesus disse: "Na casa de meu Pai há muitas moradas". O que significa esta afirmação para nós hoje?

terça-feira, 23 de abril de 2024

25 de abril: São Marcos, evangelista


1ª Leitura (1Pe 5,5b-14):
Caríssimos: Revesti-vos de humildade, uns para com os outros, porque «Deus resiste aos soberbos e dá a graça aos humildes». Humilhai-vos sob a poderosa mão de Deus, para que Ele vos exalte no tempo oportuno. Confiai-Lhe todas as vossas preocupações, porque Ele vela por vós. Sede sóbrios e vigiai. O vosso inimigo, o diabo, anda à vossa volta, como leão que ruge, procurando a quem devorar. Resisti-lhe, firmes na fé, sabendo que os vossos irmãos espalhados pelo mundo suportam os mesmos sofrimentos. O Deus de toda a graça, que vos chamou para a sua eterna glória em Cristo, depois de terdes sofrido um pouco, vos restabelecerá, vos aperfeiçoará, vos fortificará e vos tornará inabaláveis. A Ele o poder e a glória pelos séculos dos séculos. Amém. Foi por meio de Silvano, a quem considero irmão de confiança, que vos escrevi estas breves palavras, para vos exortar e assegurar que é esta a verdadeira graça de Deus. Permanecei firmes nela. Saúda-vos a comunidade estabelecida em Babilónia, eleita como vós, e também Marcos, meu filho. Saudai-vos uns aos outros com o ósculo da caridade. Paz a todos os que estais em Cristo.
 
Salmo Responsorial: 88
R. Senhor, cantarei eternamente a vossa misericórdia.
 
Cantarei eternamente as misericórdias do Senhor e para sempre proclamarei a sua fidelidade. Vós dissestes: «A bondade está estabelecida para sempre», no céu permanece firme a vossa fidelidade.
 
Senhor, os céus proclamam as vossas maravilhas e a assembleia dos santos a vossa fidelidade. Quem sobre as nuvens se pode comparar ao Senhor? Quem entre os filhos de Deus será igual ao Senhor?
 
Feliz do povo que sabe aclamar-Vos e caminha, Senhor, à luz do vosso rosto. Todos os dias aclama o vosso nome e se gloria com a vossa justiça.
 
Nós pregamos Cristo crucificado, poder de Deus e sabedoria de Deus.
 
Evangelho (Mc 16,15-20): Naquele tempo, Jesus apareceu-se aos onze e disse-lhes: «Ide pelo mundo inteiro e anunciai a Boa Nova a toda criatura! Quem crer e for batizado será salvo. Quem não crer será condenado. Eis os sinais que acompanharão aqueles que crerem: expulsarão demônios em meu nome; falarão novas línguas; se pegarem em serpentes e beberem veneno mortal, não lhes fará mal algum; e quando impuserem as mãos sobre os doentes, estes ficarão curados». Depois de falar com os discípulos, o Senhor Jesus foi levado ao céu e sentou-se à direita de Deus. Então, os discípulos foram anunciar a Boa Nova por toda parte. O Senhor os ajudava e confirmava sua palavra pelos sinais que a acompanhavam».
 
«Ide pelo mundo inteiro e anunciai a Boa Nova a toda criatura»
 
Mons. Agustí CORTÉS i Soriano Bispo de Sant Feliu de Llobregat (Barcelona, Espanha)
 
Hoje haveria muito do que falar sobre por que não se ouve com firmeza e convicção a palavra do Evangelho? porque nós os cristãos, guardamos um silêncio suspeitoso sobre o que acreditamos, apesar da chamada à “nova evangelização”. Cada um fará sua própria análise e mostrará sua interpretação particular.
 
No entanto, na festa de São Marcos, ouvindo o Evangelho e olhando para o evangelizador, só podemos proclamar com segurança e agradecimento onde está a fonte e em que consiste a força de nossa palavra.
 
O evangelizador não fala porque assim o recomenda um estudo sociológico do momento, nem porque o manda a “prudência” política, nem porque “ele tem vontade de dizer o que pensa”. A ele lhe foi imposto uma presença e um mandato, desde fora, sem coação, mas com a autoridade de quem é digno de toda credibilidade: «E disse-lhes: Ide por todo o mundo e pregai o Evangelho a toda criatura». (cf. Mc 16,15). Quer dizer, que evangelizamos por obediência gozosa e confiadamente.
 
Nossa palavra, por outro lado, não se apresenta como uma mais no mercado das ideias ou das opiniões, mas que tem todo o peso das mensagens fortes e definitivas. De sua aceitação ou rejeição dependem a vida ou a morte; e sua verdade, sua capacidade de convicção, vem pela via testemunhal, isto é, aparece acreditada pelos signos de poder em favor dos necessitados. Razão pela qual, é propriamente, uma “proclamação”, uma declaração pública, feliz, entusiasmada, de um fato decisivo e salvador.
 
Por que, então nosso silêncio? Medo, timidez? Dizia São Justino que «aqueles ignorantes e incapazes de eloquência, persuadiram pela virtude a todo o gênero humano». O signo o milagre da virtude é nossa eloquência. Deixemos pelo menos que o Senhor no meio de nós e conosco realize sua obra: estava «Os discípulos partiram e pregaram por toda parte. O Senhor cooperava com eles e confirmava a sua palavra com os milagres que a acompanhavam.» (Mc 16,20).
 
Pensamentos para o Evangelho de hoje
«Assim como o sol, criatura de Deus, é um e o mesmo em todo o mundo, também a pregação da verdade brilha em todos os lugares e ilumina todos aqueles que querem chegar ao conhecimento da verdade» (Santo Irineu de Lyon)
 
«Todos somos chamados a ser escritores vivos do Evangelho, portadores da Boa Nova a cada homem e mulher de hoje» (Francisco)
 
«Desde a Ascensão, o plano de Deus entrou na sua consumação. Estamos na 'última hora' (1Jn 2,18). “O fim da história chegou para nós e a renovação do mundo já está decidida de forma irrevogável e até de alguma forma real já antecipada neste mundo. A Igreja, de fato, e na terra, caracteriza-se pela verdadeira santidade, ainda que imperfeita” (Concílio Vaticano II). O Reino de Cristo manifesta a sua presença através dos sinais milagrosos (cf. Mc 16,17-18) que acompanham o seu anúncio pela Igreja (cf. Mc 16,20)» (Catecismo da Igreja Católica, nº 670)
 
Reflexão de Frei Carlos Mesters, O.Carm.
 
*
 O Evangelho de hoje faz parte do apêndice do Evangelho de Marcos (Mc 16,9-20) que traz a lista de algumas aparições de Jesus: a Madalena (Mc 16,9-11), a dois discípulos a caminho do campo (Mc 16,12-13) e aos doze apóstolos (Mc 16,14-18). Esta última aparição junto com a descrição da ascensão ao céu (Mc 16,19-20) constitui o evangelho de hoje.
 
* Marcos 16,14: Os sinais que acompanham o anúncio da Boa Nova. Jesus aparece aos onze discípulos e os repreende por não terem acreditado nas pessoas que o tinham visto ressuscitado. Não acreditaram em Madalena (Mc 16,11), nem nos dois a caminho do campo (Mc 16,13). Várias vezes, Marcos se refere à resistência dos discípulos em crer no testemunho daqueles e daquelas que experimentaram a ressurreição de Jesus. Por que será que Marcos insiste tanto na falta de fé dos discípulos? Provavelmente, para ensinar duas coisas. Primeiro, que a fé em Jesus passa pela fé nas pessoas que dão testemunho dele. Segundo, que ninguém deve desanimar quando a descrença nasce no coração. Até os onze discípulos tiveram dúvidas!
 
* Marcos 16,15-18: A missão de anunciar a Boa Nova a toda a criatura. Depois de ter criticado a falta de fé dos discípulos, Jesus lhes confere a missão: "Vão pelo mundo inteiro e anunciem a Boa Notícia para toda a humanidade. Quem acreditar e for batizado, será salvo. Quem não acreditar, será condenado”. Aos que tiverem a coragem de crer na Boa Nova e que são batizados, Jesus promete os seguintes sinais: expulsarão demônios, falarão línguas novas, pegarão em serpentes e não serão molestados pelo veneno, imporão as mãos aos doentes e eles ficarão curados. Isto acontece até hoje:
* expulsar os demônios:   é combater o poder do mal que estraga a vida. A vida de muitas pessoas ficou melhor pelo fato de terem entrado na comunidade e de terem começado a viver a Boa Nova da presença de Deus em sua vida.
* falar línguas novas:   é começar a comunicar-se com os outros de maneira nova. Às vezes, encontramos uma pessoa que nunca vimos antes, mas parece que já a conhecemos há muito tempo. É porque falamos a mesma língua, a linguagem do amor.
* vencer o veneno:   há muita coisa que envenena a convivência. Muita fofoca que estraga o relacionamento entre as pessoas. Quem vive a presença de Deus dá a volta por cima e consegue não ser molestado por este veneno terrível.
* curar doentes:   em todo canto, onde aparece uma consciência mais clara e mais viva da presença de Deus, aparece também um cuidado especial para com as pessoas excluídas e marginalizadas, sobretudo para com os doentes. Aquilo que mais favorece a cura é a pessoa sentir-se acolhida e amada.
 
* Marcos 16,19-20: Através da comunidade Jesus continua a sua missão. O mesmo Jesus que viveu na Palestina, e acolhia os pobres do seu tempo, revelando assim o amor do Pai, este mesmo Jesus continua vivo no meio de nós, nas nossas comunidades. É através de nós, que ele quer continuar a sua missão para revelar a Boa Nova do amor de Deus aos pobres. Até hoje, a ressurreição acontece. Ela nos leva a cantar: "Quem nos separará, quem vai nos separar, do amor de Cristo, quem nos separará?" Poder nenhum deste mundo é capaz de neutralizar a força que vem da fé na ressurreição (Rm 8,35-39). Uma comunidade que quiser ser testemunha da Ressurreição deve ser sinal de vida, deve lutar contra as forças da morte, para que o mundo seja um lugar favorável à vida, deve crer que um outro mundo é possível. Sobretudo aqui na América Latina, onde a vida do povo corre perigo por causa do sistema de morte que nos foi imposto, as comunidades devem ser uma prova viva da esperança que vence o mundo, sem medo de ser feliz!
 
Para confronto pessoal
1. Como estes sinais da presença de Jesus acontecem na minha vida?
2. Quais são, hoje, os sinais que mais convencem as pessoas da presença de Jesus no nosso meio?

segunda-feira, 22 de abril de 2024

Quarta-feira da 4ª semana da Páscoa

São Fiel de Sigmaringa, presbítero e mártir
 
1ª Leitura (At 12,24—13,5):
Naqueles dias, a palavra de Deus crescia e multiplicava-se. Depois de Barnabé e Saulo cumprirem a sua missão, voltaram de Jerusalém, trazendo consigo João, que tinha o sobrenome de Marcos. Na Igreja de Antioquia havia profetas e doutores: Barnabé, Simeão, chamado o Negro, Lúcio de Cirene, Manaen, irmão colaço do tetrarca Herodes e Saulo. Estando eles a celebrar o culto do Senhor e a jejuar, disse-lhes o Espírito Santo: «Separai Barnabé e Saulo para o trabalho a que os chamei». Então, depois de terem jejuado e orado, impuseram-lhes as mãos e deixaram- nos partir. Enviados pelo Espírito Santo, Barnabé e Saulo desceram a Selêucia e de lá navegaram para Chipre. Tendo chegado a Salamina, começaram a anunciar a palavra de Deus nas sinagogas dos judeus.
 
Salmo Responsorial: 66
R. Louvado sejais, Senhor, pelos povos de toda a terra.
 
Deus Se compadeça de nós e nos dê a sua bênção, resplandeça sobre nós a luz do seu rosto. Na terra se conhecerão os vossos caminhos e entre os povos a vossa salvação.
 
Alegrem-se e exultem as nações, porque julgais os povos com justiça e governais as nações sobre a terra.
 
Os povos Vos louvem, ó Deus, todos os povos Vos louvem. Deus nos dê a sua bênção e chegue o seu louvor aos confins da terra.
 
Aleluia. Eu sou a luz do mundo, diz o Senhor; quem Me segue terá a luz da vida. Aleluia.
 
Evangelho (Jo 12,44-50): Jesus exclamou: «Quem crê em mim, não é em mim que crê, mas naquele que me enviou. Quem me vê, vê aquele que me enviou. Eu vim ao mundo como luz, para que todo aquele que crê em mim não permaneça nas trevas. Se alguém ouve as minhas palavras e não as observa, não sou eu que o julgo, porque vim não para julgar o mundo, mas para salvá-lo. Quem me rejeita e não acolhe as minhas palavras já tem quem o julgue: a palavra que eu falei o julgará no último dia. Porque eu não falei por conta própria, mas o Pai que me enviou, ele é quem me ordenou o que devo dizer e falar. E eu sei: o que ele ordena é vida eterna. Portanto, o que eu falo, eu o falo de acordo com o que o Pai me disse».
 
«Quem crê em mim, não é em mim que crê, mas naquele que me enviou»
 
P. Júlio César RAMOS González SDB (Mendoza, Argentina)
 
Hoje, Jesus grita; grita como alguém que precisa que suas palavras sejam ouvidas por todos. Seu grito sintetiza sua missão salvadora, pois tem vindo «não para julgar o mundo, mas para salvá-lo» (Jo 12,47), não por si mesmo, mas em nome do «Pai que me enviou, ele é quem me ordenou o que devo dizer e falar» (Jo 12,49).
 
Ainda não faz um mês que celebramos o Tríduo Pascal: o Pai estava tão presente na hora extrema, na hora da Cruz! Como escreveu João Paulo II, «Jesus, aflito pela previsão da prova que o esperava, ante Deus, o invoca com sua habitual e carinhosa expressão de confiança: ‘Abba, Pai’». Nas horas seguintes, se faz evidente o diálogo estreito do Filho com o Pai: «Pai, perdoa-lhes; porque não sabem o que fazem» (Lc 23,34); «Pai, nas tuas mãos entrego o meu espírito» (Lc 23, 46).
 
A importância da obra do Pai, e do seu enviado, merece a resposta de quem o escuta. Essa resposta é o crer, ou seja, a fé (cf. Jo 12,44); fé que nos dá — por Jesus mesmo — a luz para não continuar na escuridão. Ao contrário, quem rejeita esses dons e manifestações e não acolhe essas palavras «já tem quem o julgue: a Palavra» (Jo 12,48).
 
Aceitar Jesus, então, é crer, ver, ouvir ao Pai, significa não estar na escuridão, obedecer ao mandato da vida eterna. Bem-vinda seja a repreensão de São João da Cruz: «[O Pai] tudo nos falou por esta palavra só (...). Por isso, quem quiser perguntar alguma coisa a Deus ou ter uma visão ou revelação, seria não só uma necedade, também estaria ofendendo a Deus, já que não estaria colocando seu olhar em Cristo, evitando querer alguma outra coisa ou novidade».
 
Pensamentos para o Evangelho de hoje
«Dilate o seu coração. Saia ao encontro do sol da luz eterna que ilumina a todo o homem. Esta luz verdadeira brilha para todos, mas quem fecha as suas janelas priva-se da luz eterna» (Santo Ambrósio)
 
«Precisamos desta luz que vem do alto para responder coerentemente à vocação que recebemos. Para a Igreja, ser missionário equivale a deixar-se iluminar por Deus e refletir a sua luz» (Francisco)
 
«Em Jesus Cristo, a verdade de Deus manifestou-se na sua totalidade. ‘Cheio de graça e de verdade’(Jo 1,14), Ele é a ‘luz do mundo’ (Jo 8, 12) (…). Quem Nele crê não fica nas trevas (…)» (Catecismo da Igreja Católica, nº 2.466)
 
Reflexões de Frei Carlos Mesters, O.Carm.
 
* O Evangelho de hoje traz a parte final do Livro do Sinais (1 a 12), na qual o evangelista faz um balanço.
Muitos acreditaram em Jesus e tinham a coragem de manifestar sua fé publicamente como discípulos e as discípulas. Outros acreditaram, mas não tiveram a coragem de manifestar publicamente sua fé. Tinham medo de serem expulsos da sinagoga. E muitos não acreditaram: “Apesar de Jesus ter realizado na presença deles tantos sinais, não acreditaram nele. Assim se cumpriu a palavra dita pelo profeta Isaías: "Senhor, quem acreditou em nossa mensagem? Para quem foi revelada a força do Senhor?" (Jo 12,37-38). Depois desta constatação geral, João retoma alguns dos temas centrais do seu evangelho:
 
* João 12,44-45: Crer em Jesus é crer naquele que o enviou.  Esta frase é um resumo do evangelho de João. É o tema que aparece e reaparece de muitas maneiras. Jesus está tão unido ao Pai, que ele já não fala em nome próprio, mas sempre em nome do Pai. Quem vê a Jesus vê o Pai. Se quiser conhecer a Deus, olhe para Jesus. Deus é Jesus!
 
* João 12,46: Jesus é a luz que veio ao mundo. Aqui João retoma o que já tinha sido dito no prólogo: “O Verbo era a luz verdadeira que ilumina todo ser humano” (Jo 1,9). “A luz brilha nas trevas, mas as trevas não a apreenderam” (Jo 1,5). Aqui ele repete: “Eu vim ao mundo como luz, para que todo aquele que acredita em mim não fique nas trevas”.  Jesus é uma resposta viva às grandes interrogações que movimentam e inspiram a busca do ser humano. Ele é uma luz que clareia o horizonte. Faz descobrir o lado luminoso da escuridão da fé.
 
*  João 12,47-48: Não vim para julgar o mundo. Chegando no fim de uma etapa, surge a pergunta: “Como vai ser o julgamento? Nestes dois versículos o evangelista esclarece o tema do julgamento. O julgamento não se faz na base da ameaça com maldições. Jesus diz: Eu não condeno quem ouve as minhas palavras e não obedece a elas, porque eu não vim para condenar o mundo, mas para salvar o mundo. Quem me rejeita e não aceita minhas palavras, já tem o seu juiz: a palavra que eu falei será o seu juiz no último dia. O julgamento consiste na maneira como a pessoa se define frente à verdade e frente a sua própria consciência.
 
*  João 13,49-50: O que digo, eu o digo conforme o Pai me disse. As últimas palavras do Livro dos Sinais são um resumo de tudo que Jesus disse e fez até agora. Ele reafirma o que afirmava desde o começo: “Não falei por mim mesmo. O Pai que me enviou, ele é quem me ordenou o que eu devia dizer e falar. E eu sei que o mandamento dele é a vida eterna. Portanto, o que digo, eu o digo conforme o Pai me disse”. Jesus é o reflexo fiel do Pai. Por isso mesmo, ele não oferece prova nem argumento aos que o provocam para que se legitime e apresente suas credenciais. É o Pai que o legitima através das obras que ele faz. E dizendo obras, não se refere só aos grandes milagres, mas a tudo que ele disse e fez, até nas mínimas coisas. Jesus, ele mesmo, é o Sinal do Pai. Ele é o milagre ambulante, a transparência total. Ele já não se pertence, mas é todo inteiro propriedade do Pai. As credenciais de um embaixador não vêm dele mesmo, mas vem daquele a quem representa. Vem do Pai.
 
Para um confronto pessoal
1) João faz um balanço da atividade reveladora de Jesus. Se eu fizer um balanço da minha vida, o que vai sobrar de positivo em mim?
2) Existe algo em mim que me condena?

domingo, 21 de abril de 2024

Terça-feira da 4ª semana da Páscoa

São Jorge, mártir
Sto Adalberto de Praga, bispo e mártir
Bta. Teresa Maria da Cruz Manetti, virgem de nossa Ordem.
 
1ª Leitura (At 11,19-26):
Naqueles dias, os irmãos que se tinham dispersado, devido à perseguição desencadeada pelo caso de Estêvão, caminharam até à Fenícia, Chipre e Antioquia. Mas anunciavam a palavra apenas aos judeus. Houve, contudo, entre eles alguns homens de Chipre e de Cirene, que, ao chegarem a Antioquia, começaram a falar também aos gregos, anunciando-lhes o Senhor Jesus. A mão do Senhor estava com eles e foi grande o número dos que abraçaram a fé e se converteram ao Senhor. A notícia chegou aos ouvidos da Igreja de Jerusalém e mandaram Barnabé a Antioquia. Quando este chegou e viu a ação da graça de Deus, encheu-se de alegria e exortou a todos a que se conservassem fiéis ao Senhor, de coração sincero; era realmente um homem bom e cheio do Espírito Santo e de fé. Assim uma grande multidão aderiu ao Senhor. Então Barnabé foi a Tarso procurar Saulo e, tendo-o encontrado, trouxe-o para Antioquia. Passaram juntos nesta Igreja um ano inteiro e ensinaram muita gente. Foi em Antioquia que, pela primeira vez, se deu aos discípulos o nome de «cristãos».
 
Salmo Responsorial: 86
R. Povos da terra, louvai o Senhor.
 
O Senhor ama a cidade, por Ele fundada sobre os montes santos; ama as portas de Sião mais que todas as moradas de Jacob. Grandes coisas se dizem de ti, ó cidade de Deus.
 
Contarei o Egipto e a Babilónia entre os meus adoradores; a Filisteia, Tiro e a Etiópia, uns e outros ali nasceram. E dir-se-á em Sião: «Todos lá nasceram, o próprio Altíssimo a consolidou».
 
O Senhor escreverá no registo dos povos: «Este nasceu em Sião». E irão dançando e cantando: «Todas as minhas fontes estão em ti».
 
Aleluia. As minhas ovelhas ouvem a minha voz, diz o Senhor; Eu conheço as minhas ovelhas e elas seguem-Me. Aleluia.
 
Evangelho (Jo 10,22-30): Em Jerusalém celebrava-se a festa da Dedicação. Era inverno. Jesus andava pelo templo, no pórtico de Salomão. Os judeus, então, o rodearam e disseram-lhe: «Até quando nos deixarás em suspenso? Se tu és o Cristo, dize-nos abertamente!». Jesus respondeu: «Eu já vos disse, mas vós não acreditais. As obras que eu faço em nome do meu pai dão testemunho de mim. Vós, porém, não acreditais, porque não sois das minhas ovelhas. As minhas ovelhas escutam a minha voz, eu as conheço e elas me seguem. Eu lhes dou a vida eterna. Por isso, elas nunca se perderão e ninguém vai arrancá-las da minha mão. Meu Pai, que me deu estas ovelhas, é maior do que todos, e ninguém pode arrancá-las da mão do Pai. Eu e o Pai somos um».
 
«Eu e o Pai somos um»
 
Rev. D. Miquel MASATS i Roca (Girona, Espanha)
 
Hoje, vemos Jesus que «andava pelo Templo, no pórtico de Salomão» (Jo 10,23), durante a festa da Dedicação em Jerusalém. Então, os judeus pedem-lhe: «Se tu és o Cristo, diz-nos abertamente», e Jesus responde-lhes: «Eu já vos disse, mas vós não acreditais» (Jo 10,24.25).
 
Só a fé dá ao homem a capacidade de reconhecer Jesus Cristo como o Filho de Deus. No ano de 2000, João Paulo II, no encontro com os jovens em Tor Vergata, falava do “laboratório da fé”. Há muitas respostas para a pergunta «Quem dizem as multidões que eu sou?» (Lc 9,18) … Depois, porém, Jesus passa para o plano pessoal: «E vós, quem dizeis que eu sou?» Para responder corretamente a esta pergunta é necessária a “revelação do Pai”. Para responder como Pedro — «Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo» (Mt 16,16)— faz falta a graça de Deus.
 
Contudo, embora Deus queira que todas as pessoas acreditem e se salvem, só os homens humildes têm a capacidade de acolher este dom. «Entre os humildes está a sabedoria», lê-se no livro dos Provérbios (11,2). A verdadeira sabedoria do homem consiste em confiar em Deus.
 
Santo Tomás de Aquino comenta esta passagem do Evangelho dizendo: «Consigo ver graças à luz do sol, mas se fechar os olhos, não vejo; porém a culpa não é do sol, mas minha».
 
Jesus diz-lhes que, se não creem, que acreditem, pelo menos, devido às obras que faz, que manifestam o poder de Deus. «As obras que eu faço em nome do meu pai dão testemunho de mim» (Jo 10,25).
 
Jesus conhece as suas ovelhas e as suas ovelhas escutam a Sua voz. A fé leva à intimidade com Jesus na oração. O que é a oração senão o trato com Jesus Cristo, que sabemos que nos ama e nos conduz ao Pai? O resultado e o prêmio desta intimidade com Jesus nesta vida, é a vida eterna, como lemos no Evangelho.
 
Pensamentos para o Evangelho de hoje
«Deus é o ser infinitamente perfeito que é a Santíssima Trindade» (Santo Toribio de Mogrovejo)
 
«A vida no seu verdadeiro sentido não a temos só para nós, nem só por nós próprios: é uma relação. Se estamos em relação com Aquele que não morre, então estamos na vida. Então “vivemos”» (Bento XVI)
 
«Movidos pela graça do Espírito Santo e atraídos pelo Pai, nós cremos e confessamos a respeito de Jesus: ‘Tu és o Cristo, o Filho de Deus vivo’ (Mt 16, 16). Foi sobre o rochedo desta fé, confessada por Pedro, que Cristo edificou a sua Igreja» (Catecismo da Igreja Católica, nº 424)
 
Reflexões de Frei Carlos Mesters, O.Carm.
 
* Os capítulos 1 a 12 do evangelho de João são chamados “O Livro dos Sinais”.
Neles acontece a revelação progressiva do Mistério de Deus em Jesus. Na mesma medida em que Jesus vai fazendo a revelação, crescem a adesão e a oposição a ele de acordo com a visão com que cada um espera a chegada do Messias. Esta maneira de descrever a atividade de Jesus não é só para informar como a adesão a Jesus acontecia naquele tempo, mas também e sobretudo como ela deve acontecer hoje em nós, seus leitores e suas leitoras. Naquele tempo, todos esperavam a chegada do Messias e tinham os seus critérios para poder reconhecê-lo. Queriam que ele fosse do jeito que eles o imaginavam. Mas Jesus não se submete a esta exigência. Ele revela o Pai do jeito que o Pai é e não do jeito que o auditório o gostaria. Ele pede conversão no modo de pensar e de agir.  Hoje também, cada um de nós tem os seus gostos e preferências. Às vezes, lemos o evangelho para ver se encontramos nele a confirmação dos nossos desejos. O evangelho de hoje traz uma luz a este respeito.
 
* João 10,22-24: Os Judeus interpelam Jesus.  Era frio. Mês de outubro. Festa da dedicação que celebrava a purificação do templo feita por Judas Macabeu (2Mc 4,36.59). Era uma festa bem popular de muitas luzes. Jesus anda na esplanada do Templo, no Pórtico de Salomão. Os judeus o questionam: "Até quando nos irás deixar em dúvida? Se tu és o Messias, dize-nos abertamente". Eles querem que Jesus se defina e que eles possam verificar, a partir dos critérios deles, se Jesus é ou não é o Messias. Querem provas. É a atitude de quem se sente dono da situação. Os novatos devem apresentar suas credenciais. Do contrário não terão direito de falar e de atuar.
 
* João 10,25-26: Resposta de Jesus: as obras que faço dão testemunho de mim.  A resposta de Jesus é sempre a mesma: "Eu já disse, mas vocês não acreditam em mim. As obras que eu faço em nome do meu Pai, dão testemunho de mim; vocês, porém, não querem acreditar, porque vocês não são minhas ovelhas”. Não se trata de dar provas. Nem adiantaria. Quando uma pessoa não quer aceitar o testemunho de alguém, não há prova que o leve a pensar diferente. O problema de fundo é a abertura desinteressada da pessoa para Deus e para a verdade. Onde houver esta abertura, Jesus é reconhecido pelas suas ovelhas. “Quem é pela verdade escuta minha voz” dirá Jesus mais adiante a Pilatos (Jo 18,37). Esta abertura estava faltando nos fariseus.
 
* João 10,27-28: As minhas ovelhas conhecem minha voz.
  Jesus retoma a parábola do Bom Pastor que conhece suas ovelhas e é conhecido por elas. Este mútuo entendimento  -  entre Jesus que vem em nome do Pai e as pessoas que se abrem para a verdade  -  é fonte de vida eterna. Esta união entre o criador e a criatura através de Jesus supera a ameaça da morte: “Elas jamais perecerão e ninguém as arrebatará de minha mão!” Estão seguras e salvas e, por isso mesmo, em paz e com plena liberdade.
 
* João 10,29-30: Eu e o Pai somos um.  Estes dois versículos abordam o mistério da unidade entre Jesus e o Pai: “Meu Pai, que tudo entregou a mim, é maior do que todos. Ninguém pode arrancar coisa alguma da mão do Pai. O Pai e eu somos um”. Esta e várias outras frases nos deixam entrever algo deste mistério maior: “Quem vê a mim vê o Pai” (Jo 14,9). “Eu estou no Pai e o Pai está em mim” (Jo 10,38). Esta unidade entre Jesus e o Pai não é automática, mas é fruto da obediência: “Eu sempre  faço o que o Pai me mostra que é para fazer” (Jo 8,29; 6,38; 17,4). “Meu alimento é fazer a vontade do Pai (Jo 4,34; 5,30). A carta aos hebreus diz que Jesus teve que aprender, através do sofrimento, o que é ser obediente (Hb 5,8). “Ele foi obediente até à morte, e morte de Cruz” (Fl 2,8). A obediência de Jesus não é disciplinar, mas é profética. Ele obedece para ser total transparência e, assim, ser revelação do Pai. Por isso, ele podia dizer: “Eu e o pai somos um!” Foi um longo processo de obediência e de encarnação que durou 33 anos. Começou com o Sim de Maria (Lc 1,38) e terminou com “Tudo está consumado!” (Jo 19,30).
 
Para um confronto pessoal
1) Minha obediência a Deus é disciplinar ou profética? Revelo algo de Deus ou só me preocupa com a minha própria salvação?
2) Jesus não se submeteu às exigências dos que queriam verificar se ele era mesmo o messias. Existe em mim algo desta atitude dominadora e inquisidora dos adversários de Jesus?

sábado, 20 de abril de 2024

23 de abril

 B. Teresa Maria da Cruz Manetti
Virgem de nossa Ordem.
 
Teresa Maria da Cruz nasceu em Campi Bisenzio (Florença) em 1846. Fundou a Congregação das Carmelitas de Santa Teresa para o serviço dos órfãos e dos pobres. Desejando viver crucificada com Cristo, suportou, nos últimos anos da sua vida, dolorosas provações no corpo e no espírito. Faleceu no dia 23 de abril de 1910.
 
Salmodia, leitura, responsório breve e preces do dia corrente.
 
Oração
Senhor, que amparaste no caminho da cruz a virgem bem-aventurada Teresa Maria da Cruz, fortalecida por um ardente amor à Eucaristia, e a cumulastes de ternura materna para com as crianças e os pobres, concedei-nos, por sua intercessão, que, fortalecidos com o pão dos anjos, nos alegremos com a participação na paixão de Cristo e colaboremos com obras de caridade para o advento do vosso Reino. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.